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Palavras Caras

by Diogo Picão

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    Digipack com 4 abas, bolsa com óculo para o CD, letras das canções, créditos, agradecimentos. Ilustração e design por Maria Vidigal. Fotos de Adriano Fagundes.

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    Vinil Preto 140 gr, 12 polegadas, capa, lombada de 3 mm, Innersleeve 150 gr, com letras das canções, créditos e agradecimentos. Ilustração e design por Maria Vidigal. Fotos de Adriano Fagundes.

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1.
Credo 02:38
Vinha a chuva caindo Pra largar as águas Pra limpar as mágoas Pra lavar as palmas E bater as botas no chão molhado Tinha dentes e sabres Para abrir os peitos Trocar os conceitos Sacudir os leitos E trocar sentido ao velho ditado O seguro não morreu de velho Morreu de medo Partiu tão cedo Credo, nunca houve alternativa Sem ser dar o corpo à vida Vinha a história chegando Pra parar o vento Pra pingar o tempo Pra pedir alento E soprar o pó desse chão passado Tinha livros e lentes Pra ampliar o dia Subir a fasquia Gritar utopia E servir de abrigo ao novo ditado
2.
De um amigo quer-se sempre as melhoras Nas más e nas boas horas De um estranho só quer mal Quem não vê a amizade latente E quem diz que só ama os seus, mente A conversa é a mesa do jogo Na paz e em pleno fogo Cada peça movimenta O lugar que carrega consigo Pra no mútuo acordo encontrar abrigo Portanto eu pergunto se sabem Onde está quem eu não conheci E qual é o paradeiro de quem eu perdi Só se encontra quem não se procura Só se acha quem não se conhece A amizade é em si mesma verdade e alicerce Só se encontra quem não se procura Só se acha quem não se conhece O encontro é a metade que a vida tece
3.
Olha o vendedor de fruta Assobiando pela estrada Na colorida labuta Carregado vem, volta sem nada Traz a quem espera de véspera A sua áspera nêspera Que anuncia a Primavera Quando a cor é quem impera Se termina a tangerina Guarda o gosto na retina Vai no tempo bom do ócio Volta após o equinócio Pra dar tom a quem se beija Vem repleto de cereja Pra que o amor não disperse Ao casal oferece alperce Aos solteiros do fandango Só lhes serve um bom morango Pra adoçar os desamores Ananás lá dos Açores Pra quem se queixa e desleixa O vendedor traz ameixa Se a criança sofre e chora Estende a mão cheia de amoras Oferece framboesa A quem está preso à pobreza Presenteia o mel do figo Ao desalentado amigo Pra sarar o sol do Verão Tem fatia de melão Tome o gosto à melancia Que contém o meio-dia Vem com pêssego-careca Pra quem é santo mas peca Pêra e maçã-reineta Que alimenta o poeta
4.
Ter pressa é não saber chegar. Vou devagar. Vou devagar porque o que é sorte, E o que é morte, Não as busco, não as evito, Vêm-me buscar. Por isso vou sob o infinito Sem me apressar. Se eu for depressa, nunca chego. Devagar, vou Com o meu ser e com sossego: Existo, estou.
5.
Senhor, peço poderes sobre o sono, esse sol em que me ponho a sofrer meus ais ou menos, sombra, quem sabe, dentro de um sonho. Quero forças para o salto do abismo onde me encontro ao hiato onde me falto. Por dentro de mim, a pedra, e, aos pés da pedra, essa sombra, pedra que se esfalfa. Pedra, letra, estrela à solta, sim, quero viver sem fé, levar a vida que falta sem nunca saber quem é.
6.
Senhor, peço poderes sobre o sono, esse sol em que me ponho a sofrer meus ais ou menos, sombra, quem sabe, dentro de um sonho. Quero forças para o salto do abismo onde me encontro ao hiato onde me falto. Por dentro de mim, a pedra, e, aos pés da pedra, essa sombra, pedra que se esfalfa. Pedra, letra, estrela à solta, sim, quero viver sem fé, levar a vida que falta sem nunca saber quem é.
7.
Gabriela 02:30
Junto a ela O amor é uma tela Com madeira alforriada Pra fugir de barco à vela E parar no meio do nada Contemplar o horizonte Regressar calmo e potável Extraindo o sal da fonte De um beijo inoxidável Aguarela Sem maré que nos aparte Nem jangada que nos una Se morrermos junto à praia Transformemos dor em dunas Cantaremos Infinito enquanto dure Ou eterno enquanto viva Temporário para sempre Gabriela
8.
Não havia bagalhoça prò refrigério Tu encalhavas na fossa do vitupério Eras Dona Saragoça e eu só Rogério que cantava a velha bossa qual escanção sério Bochechavas e cuspias palavreado Contemplavas, depois rias do teu amado Convidava-te à suíte do meu falido hotel Dava-me a funiculite e amante só no papel
9.
Dá ao Dente 04:24
Dá ao dente, põe-te a milhas Firmemente aperta as quilhas Dor, sofrimento e lamento Fazem de ti um jumento Dá ao dente, alimenta o que te enriquece a mente, historietas de novela põem-te a tola demente. Se a bitola é falsidade pr’amansares o ego carente, põe na cartola a tua verdade, pois tudo falas, nada sentes. Mas se o amor faz parte da tua passada, vais trinar e vais voar com o resto da passarada, não há pedaço de céu que escape à tua mirada, olhos sem ramelas vêem tudo onde não há nada. Põe-te a milhas dessa raiva que por dentro te consome, abandona-a num baldio e deixa-a morrer de fome, de frio, de sede e doença grave, rara e sem nome, que as entranhas putrefactas, vis e fedorentas come. Reanima o morto com um tiro de perdão, mostra ao vivo como bate no esterno o coração, que a interna luta é um caminho prà resolução, mas que nem todas as conclusões vêm da razão. Firmemente aperta as quilhas prò balanço não falhar, finca os olhos nessas ilhas onde o teu ser vai medrar, com o sol e com a chuva, com o vento e com o mar, e quando a pele estiver curtida há conquilhas para o jantar. É conta certa que o previsto não vai ser e que a expectativa alta inverte o acontecer. No salgado da viagem inventa o doce prazer. Se te encontrares com o abismo, diz que é cedo pra morrer. Dor, sofrimento e lamento são três faces da moeda: um retrai, o outro rasga e o último embebeda. O primeiro não se evita, o segundo a boca azeda, e o terceiro, pra piorar a situação, é tiro e queda. Mas tudo muda quando a mona se organiza e a testa, em vez de fender enrugada, fica lisa. Na inspiração profunda, a labareda vira cinza e não há questão que não sucumba à mais leve brisa. Fazem de ti um jumento sempre que desesperas e tropeças nas vivências mais cruéis e mais severas, a tortura, a prisão, os vírus ou bactérias, ou o que te faça acreditar que são falsas tuas quimeras. Não quero cair na falácia e mentir, afirmando: «Para ser feliz basta decidir.» Cada um é o caso que o acaso permitir, e se a fome aperta vais-me ouvir ao longe a ganir.
10.
Bring me a lighter and make me the fighter of cancer You want to ask all the questions I don’t have the answer Scratching with fire my throat to extinguish my health Your heart is so obviously sore that I’m starting to melt Floating in a cloud of smoke Calmly breathe or you can choke Dreaming of a flying dove I threw away a broken love Sing me with glitter a song that is bitter and bright Don’t let the tears blotch your face while I’m coming to light Sipping a wine while I dine on divine melody I found out that grapes and free wings are just my cup of tea
11.
Acorde 04:34
Eu sei que nem tudo na vida é um acorde maior Mas quando se acorda prà lida a vida fica melhor Vai cheia a carroça com a carga do dono A ideia que dorme com a moça sem sono Cai dor na ladeira e grita o Outono Pra ser bom sujeito não basta alegria Vertendo no leito a melancolia Mas rir é um jeito de dar luz ao dia

about

Colorido, alegre, diverso, profundo. Estas poderão ser algumas das palavras que descrevem o novo álbum do cantautor Diogo Picão: “Palavras Caras”.

Caras de estimadas, caras de custosas, caras da vintena de músicos que o gravaram sob a influência da cosmopolita Lisboa. Dez temas que viajam pelos vários portos do Atlântico, misturando Samba, Jazz, Son Cubano, e outros. Participam, também, com suas vozes marcantes: Salvador Sobral, Mônica Salmaso e Luca Argel.

Carinhoso, reflexivo, divertido, incisivo, é um trabalho com palavras extraídas das próprias vivências e memórias e palavras emprestadas de autores que admira, como Fernando Pessoa e Paulo Lemniski.

Depois do seu álbum de estreia, “Cidade Saloia” (2018), Diogo Picão apresenta “Palavras Caras” um disco de ouvido fácil, mas com linhas instrumentais ricas e vozes maravilhosas.

credits

released September 30, 2022

Canções compostas por Diogo Picão
Ter Pressa É Não Saber Chegar é poema de Fernando Pessoa
Ais ou Menos é poema de Paulo Leminski

Diogo Picão – voz, saxofone soprano e tenor
Salvador Sobral – voz em Encontro de Amigos
Mónica Salmaso – voz em Ais ou Menos
Luca Argel – voz em Palavras Caras
Olmo Marín – guitarra de sete cordas, guitarra, coros
Juninho Ibituruna – percussão
Ariel Rodriguez – piano e teclado
Carlos Garcia – teclado e rhodes em Credo e Acorde
Francesco Valente – contrabaixo, baixo eléctrico em Vendedor de Fruta e Bring me a Lighter
Ricardo Quinteira – tres cubano em Vendedor de Fruta
Sebastian Sheriff – percussão em Vendedor de Fruta
Otto Pereira – violino em Gabriela
Raquel Reis – violoncelo em Gabriela
Edu Miranda – bandolim em Palavras Caras
Jonas Hocherman – trombone em Palavras Caras
Nicolás Farruggia – guitarra e coros em Ais ou Menos
Jon Luz – cavaquinho em Ter Pressa É Não Saber Chegar
Juan de La Fuente – percussão em Credo
André Santos – guitarra semi-acústica em Encontro de Amigos
Daniele Pistone – baixo eléctrico em Acorde
Adam Alesi (via Musiversal) – bateria em Bring me a Lighter
Anders Perander – guitarra eléctrica, programação em Dá ao Dente

Gravado entre Dezembro de 2020 e Janeiro de 2022 no Estúdio Vale de Lobos por Nuno Simões, no Camaleão por Francisco Duque e no Haus por Makoto Yagyu.
Misturado por Vinicius Castro, Estúdio Quintinha.
Masterizado por Luiz Tornaghi, Batmastersom.
Direcção de arte de Maria Vidigal.
Fotografia de Adriano Fagundes.
Revisão de João Berhan.
Produzido por Diogo Picão, Vinicius Castro e Espelho de Cultura.
2022

Apoio: SPA. Garantir Cultura

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about

Diogo Picão Lisbon, Portugal

Diogo Picão faz canções para se libertar das insónias e sonhar com mundos melhores.
 Cresceu músico, estudou saxofone, virou cantautor e espera envelhecer como poeta e boémio.
Escreve sobre o quotidiano, as relações sociais, o encantamento da vida, a natureza, as (des)ilusões amorosas e um punhado de outras coisas.
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